1981
O atentado do Riocentro

O processo de abertura política iniciado no governo Ernesto Geisel encontrou enorme resistência entre os grupos militares mais radicais. A ala radical que insistia na continuidade da ditadura passou a promover atos de terrorismo, com o intuito de assustar a população, atribuindo as ações de violência à esquerda, forjando provas e evidências. O primeiro ato aconteceu em outubro de 1979, quando uma bomba incendiou o carro do jornalista Hélio Fernandes, no Rio de Janeiro. O ano de 1980 foi marcado pela detonação constante de bombas em vários lugares, causando vítimas fatais. Na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro, a secretária Lyda Monteiro morreu após abrir carta endereçada ao seu chefe, o presidente da OAB. No mesmo ano, várias bombas explodiram em bancas de revistas que vendiam jornais alternativos, levando ao fechamento de várias delas.

No dia 30 de abril de 1981, a explosão de bombas aconteceu no Riocentro, no Rio de Janeiro, onde um show em comemoração ao Dia do Trabalho reuniu grandes nomes da MPB e um público de milhares de pessoas. O plano terrorista era detonar várias bombas no centro de convenções e atribuir o atentado a grupos de esquerda. Porém, algo deu errado e as bombas explodiram ainda no estacionamento, ferindo o capitão Wilson Luís Chaves Machado e matando o sargento Guilherme Pereira do Rosário, que estavam em um automóvel Puma. A partir daí, o governo militar montou uma verdadeira farsa, manipulando as investigações e ocultando a verdade.

Apesar das imensas dificuldades para a apuração do caso, a cobertura do atentado do Riocentro rendeu ao Jornal do Brasil o Prêmio Esso de Jornalismo e ao Estado de S. Paulo, o Esso de Reportagem. Igualmente importante foi o artigo que Villas-Bôas Corrêa escreveu no JB em 3 de maio de 1981. Sob o título “A bomba explodiu no Planalto”, o jornalista escreveu:
“Ninguém é tolo para ser enganado diante de tantas evidências amontoadas pelas artes providenciais. Nessas bombas estamos jogando com coisas muito sérias. Com a credibilidade do Governo e das Forças Armadas. Com o projeto político de abertura. Com as eleições de 82. Com a palavra e com o juramento do presidente João Figueiredo.”

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